sexta-feira, 27 de outubro de 2017

A BESTA E UMA IMAGEM Á BESTA-33

A BESTA E UMA IMAGEM Á BESTA-NOVA

Gilyahna (apocalipse)13;11 E eu olhei e vi outra besta emergir da terra; e tinha dois chifres semelhantes aos de  um Cordeiro, e falava como dragão.
12 E exerce todo o poder da primeira besta diante dela, e faz com que o mundo e os que habitam nele, adorem a primeira besta, cuja ferida mortal foi curada.







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União entre o poder do estado  e a religião,  ja rendeu milhares  de mortos na idade média!



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Pastor Cleiton Collins 
Levando nosso presidente Jair Bolsonaro para receber oração na Igreja Assembleia de Deus




Uma bela  apresentação  da união entre o estado e a religião...os  dois chifres  da segunda besta


o terceiro malach(Anjo) celestial seguiu-se a estes, dizendo
em alta voz, Se alguem  adorar a besta e a sua
imagem, e receber a sua marca na sua fronte e na sua
mão, mesmo beberá do vinho da ira de יהוה Yahveh, que há de
ser derramado sem mistura, do cálice da sua ira; e será
atormentado com fogo e enxofre, na presença dos kadoshim
malachim celestiais e na presença do CordeiroGILYAHNA – REVELAÇÃO 14;9;10.

exerce todo o poder da primeira besta diante dela, e
faz com que a terra e os que habitam nela, adorem a

primeira besta, cuja ferida mortal foi curadaGILYAHNA – REVELAÇÃO 13;12



O perigo do nome falso criado pela besta 666!



GILYAHNA – REVELAÇÃOO 17; 3 Então, ele transportou-me em Rukha a um deserto: e
vi uma mulher assentada sobre uma besta de cor escarlate, repleta de nomes de blasfêmias!





GILYAHNA – REVELAÇÃOO 13; 6 E abriu a sua boca em blasfêmias contra יהוה Yahveh, para blasfemar o SEU NOME!

A besta  é  a igreja católica  cristã...a grande prostituta e  mãe  das meretrizes...GILYAHNA – REVELAÇÃO 17:5.
                                                                           
          Uma imagem á besta, é formada claramente pelo conjunto de suas filhas meretrizes!

      E faz que a terra e seus habitantes adorem a primeira besta cuja ferida mortal fora curada...GILYAHNA – REVELAÇÃO-13;12.

       As  filhas  imagem  da mãe(imagem da besta)  faz que  os habitantes  da terra adorem a  mãe e primeira besta, exatamente  ao distribuir  seus dogmas  e   ensinos vários (mercadarias de Babilônia) NOMES e TÍTULOS  de blasfêmias, falsos  e mentirosos...como  se vê  nesse  comentário!


 A marca ou sinal da besta...é formado de tudo quanto é dogmas dela...nesse caso o nome Jesus Cristo é o maior dogma da besta...é a obra prima dela...por isso o nome Jesus Cristo filho de Deus-zeus! Tem o numero 666 que segundo a palavra profética do rukha nevuah...seria o número do seu seu nome e ao mesmo tempo numero de homem...o número faz parte do sinal ou marca como os títulos papais etc...



E tinha poder para dar chayim-VIDA- à imagem da besta, de
modo que a imagem da besta tivesse autoridade, e fizesse que
tantos quanto não adorassem a imagem da besta fossem mortosGILYAHNA – REVELAÇÃO  13; 15.

Aqui a profecia é muita séria,  e  deixa claro que  tanto a besta-mãe-quanto a sua imagem-as filhas- teriam poder de perseguir  e ate matar, quem não aceitasse  suas  normas religiosas! 


 Massacre da noite de São Bartolomeu ou a noite de São Bartolomeu,"santa-inquisição" foi um episódio, da história da França, na repressão aos seguidores  do  nazareno, engendrado pelos reis franceses, que eram católicos.Esses assassinatos aconteceram em 23 e 24 de agosto de 1572, em Paris, no dia de São Bartolomeu; onde morreram cerca  d e 70 mil  pesssoas!Origem: Wikipédia, a enciclopédia livr























"NÃO PODER COMPRAR OU VENDER"

                                                   


















Por conseguinte...decretamos que os albigenses e valdenses e os que os sustentam, dando-lhes apoio, estão sob pena de anátema, que alguém ouse abriga-los em sua casa ou em seu país, de ajuda-los ou ter qualquer negocio com eles...não comprar e não vender...(doc-igreja  cristã-Cap-27, mansi XXII,231; Dizinger, nº 401.) O papa Inocêncio III deu inicio em 1208 à cruzada contra os albigenses, mas, não conseguiu extirpar a heresia; em 1220 a inquisição papal foi confiada aos frades e imposta às cortes episcopais.

Os hereges convictos devem ser entregues a seus superiores seculares, ou a seus agentes para o devido castigo. Se forem clérigos, primeiramente devem ser destituídos. Os bens dos leigos serão confiscados; os dos clérigos serão aplicados nas igrejas.

...Se um senhor temporal negligenciar em cumprir o pedido da Igreja de purificar sua terra da contaminação da heresia, será excomungado pelo metropolitano e pelos outros bispos da província.

Se deixa desse emendar dentro de um ano. O fato deve ser comunicado ao sumo pontífice-papa-que declarará seus vassalos livres do juramento de fidelidade e oferecerá suas terras aos católicos cristãos. Esses exterminarão os hereges, e serão donos da terra sem discussão, e a preservarão na verdadeira fé.(documentos  da Igreja cristã-henry bentenson   pg 180)
 A  grande tribulação de 1260 n santa-inquisição...já houve proibição de comprar e vender para os chamados hereges vejam!!!


RASTROS  TERRIVEIS  DA BESTA  666  NO BRASIL.


No  Brasil  ela-inquisição- nunca  instalou  um  tribunal    permanente,  mas  a sua  ação  se  exerceu  através  de visitadores,  Heitor  furtado  de Mendonça   entre 1591-1595.  E  marcos  Teixeira  entre 1618-19. Ou  de bispos  a quem  eram delegado  poderes  para   efetuar  prisões,  confiscar  bens,  e enviar  para Lisboa  os prisioneiros   para  serem  julgados.  A  Bahia  foi  o  palco  das  inquirições  mais  intensas;  De 1591  a 1624  foram  processados  ali,  245  pessoas  acusadas  de judaísmo.  Em 1646  mais  100  condenações  foram  feitas.  E  no  auto-de fé  em 1771,  52  brasileiros  foram “justiçados” O  último brasileiro  condenado   à  morte  pela  “santa inquisição”,  morreu  no  auto-de fé de 1748; Almanaque  Abril  Cultural  de 1983 pg 617.
Um  dos  casos  mais  celebre  sobre hereges  no Brasil, foi o  de Ana Costa Arruda, era  natural de  Olinda Pernambuco. Ana  foi acusada  no segundo  dia  de Janeiro  de  1599, por sua  tia Beatriz  Fernandes, que  sob tortura  a denunciou  de praticar  heresia.  Em16-12-1599, Ana é encarcerada  em Lisboa  com  24  anos de idade.  Subiu  ao primeiro  interrogatório  em 7-4-1600.

E  saiu  no auto-de-fè  celebrado   na Ribeira, em Lisboa   no Domingo  dia 3-8-1603, e foi  c ondenada a  se  retratar  da acusação e depois  encarcerada  nas  Escolas  Gerais,  para  submeter-se, à  doutrinação.  Em 6-9-1603.  Não  se  sabe  se Ana  voltou  ao brasil.
O descobrimento do Brasil em 1500 veio a ensejar uma nova oportunidade para esse povo sofrido. Já em 1503 milhares de “cristãos-novos” vieram para o Brasil auxiliar na colonização. Em 1531, Portugal obteve de Roma a indicação de um Inquisidor Oficial para o Reino, e em 1540, Lisboa promulgou seu primeiro Auto-de-fé. Daí em diante o Brasil passou a ser terra de exílio, para onde eram transportados todos os réus de crimes comuns, bem como judaizantes, ou seja, aqueles que se diziam aparentemente cristãos-novos, porém, continuavam em secreto a professar a fé judaica. E é nesses judaizantes portugueses que vieram para o Brasil nessa época que queremos concentrar nossa atenção.

De uma simples terra de exílio a situação evoluiu e o Brasil passou a ser visto como colônia. Em 1591 um oficial da Inquisição era designado para a Bahia, então capital do Brasil. Não demorou muito, já em 1624, a Santa Inquisição de Lisboa processava pela primeira vez contra 25 judaizantes brasileiros (os nomes abaixo foram extraídos dos arquivos da Inquisição da Torre do Tombo, em Lisboa).

OS 25 ACUSADOS

Alcoforada, Ana 11618

Antunes, Heitor 4309
Antunes, Beatriz 1276
Costa, Ana da 11116
Dias, Manoel Espinosa 3508
Duarte, Paula 3299
Gonçalves, Diogo Laso 1273
Favella, Catarina 2304
Fernandes, Beatriz 4580
Lopes, Diogo 4503
Franco, Lopes Matheus 3504
Lopes, Guiomar 1273
Maia, Salvador da 3216
Mendes, Henrique 4305
Miranda, Antônio de 5002
Nunes, João 12464
Rois, Ana 12142
Souza, João Pereira de 16902
Teixeira, Bento 5206
Teixeira, Diogo 5724
Souza, Beatriz de 4273
Souza, João Pereira de 16902
Souza, Jorge de 2552
Ulhoa, André Lopes 5391
Os nomes dos judaizantes e os números dos seus respectivos dossiês foram extraídos do Livro: “Os Judeus no Brasil Colonial” de Arnold Wiznitzer – página 35 – Pioneira Editora da Universidade de São Paulo:

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    "instrumentos  de tortura na "santa-inquisição" 
Padre anchieta  enforcou   joão bolés

 Frei Damião,padre Cicero e José de Anchieta, todos matavam em nome de Deus,eram religiosos que assassinavam e torturava quem fosse contra a Igreja católica cristã, ou tivesse outra fé ou fosse judeu.Toda e qualquer pessoa que não fosse cristão, ou fosse contra o catolicismo era morto e queimado..por religiosos que achavam que estavam prestrando um serviço a Deus.Conforme havia dito o proprio Yahshuah;Muito  foram arrastados pelas ruas  e  mortos, havendo um verdadeiro banho de sangue, por pessoas religiosas que cuidavam estar prestrando um serviço a Deus.  Nenhuma  instituição  matou mais pessoas que questionvam seus ensinos,que a igreja católica cristã em 1200anos!!!

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Qual nome do missionário francês que o "santo" José de Anchieta enforcou com as próprias mãos em 1567, no Rio?
1-) JEAN  JACQUES LE BALLEUR


OU




2-) JOÃO BOLLÉS


????




DE ACORDO COM O LIVRO ROY DEL'AMERIQUE, pp. 170-171, de 1897,



E AINDA EM CONSONÃNCIA COM O LIVRO "O SANTO QUE ANCHIETA MATOU" DO EX-PADRE ANÍBAL PEREIRA DOS REIS:



"E porque o carrasco, talvez condoído, sem coragem de apressar a morte da vítima inocente - ele mesmo, José de Anchieta," no dizer o católico Arthur Heullard, "acaba de matá-lo, dizendo, ufano, ao carrasco acovardado: Eis aí como se mata um homem!"


SE ALGUÉM TIVER ESTÕMAGO PARA LER O JURAMENTO DOS JESUÍTAS, VERÁ QUE ANCHIETA, ESTAVA APENAS NO EXERCÍCIO DA PROFISSÃO!!!
Jean Jacques Le Balleur ou João de Bolés, alfaiate huguenote, nascido na França em data incerta e educado em Genebra. Em 1557 foi enviado, junto com outros cinco missionários, por Jean Calvino para ministrar os franceses da expedição de Villegaignon ao Brasil, a França Antártica.

Ministro calvinista, celebrou o primeiro culto evangélico do Brasil em 10 de Março de 1557, e no dia 21 celebraria a primeira Santa Ceia.


"Papa Nicolou  V autoriza a tomar  bens dos hereges e  a proibição total  de  eles   fazerem qualquer negocio"

Villegagnon abjurou a fé Calvinista e retornou ao catolicismo e começou a perseguir os missionários, que em 4 de janeiro de 1558 tentam fugir em um navio velho, cuja má condição os obriga a retornar ao Rio de Janeiro.

Villegaignon obrigou os ministros a responderem um formulário sobre suas crenças, gerando a Confissão de Fé de Guanabara, a primeira do gênero das Américas, em seguida condenou-os a morte.
Jacques Le Balleur conseguiu fugir para o continente e vandeou até São Vicente, sendo poupado de ser devorado pelos índios por estar com um livro, que os Tupinambás pensaram ser a tão esperada e prometida Bíblia, que era tida como um amuleto. Tratava-se de uma peça de Rabelais.
Em São Vicente os jesuítas forçaram a Câmara para prendê-lo em 1559. Foi torturado para dar informações estratégicas do Forte Coligny. Levado a Salvador, onde Mem de Sá concordou em condená-lo por ser seguidor da fé protestante.
Em 1567 foi levado ao Rio de Janeiro, onde seria executado, mas o carrasco recusou a matá-lo. E em 9 de fevereiro de 1558, o Padre José de Anchieta estrangulou-o.

"A inquisição atuou no Brasil por quase três séculos"
A capital baiana e outras cidades receberam os visitadores com procissões (ilustração: Kléber Sales)
Órfãs2
Pouca gente sabe, mas o Brasil também viveu a sua Inquisição. No século XVI, a cruel e sangrenta perseguição da Igreja Católica aos judeus, bígamos, bruxos e hereges, que varria Portugal, chegou ao Brasil Colônia. O episódio será contado no longa metragem “As Órfãs da Rainha”, de Elza Cataldo (“Vinho de Rosas”), que será adaptado para minissérie no canal GNT. Nesta fase de preparação para o filme, o Midrash Centro Cultural – Rua General Venâncio Flores, 184, Leblon – realizará uma leitura dramatizada do roteiro, na próxima quarta-feira, dia 11, às 20h30m, entrada gratuita, com a presença do rabino Nilton Bonder e a participação dos atores Clarice Niskier, Inês Peixoto, Teuda Bara, Eduardo Moreira, Gillray Coutinho e Bruna Bressani, além da produtora artística Isabel Gouvêa.
De 1579, quando se nomeou o primeiro comissário do Santo Ofício no Brasil, até 1821, ano em que a Inquisição foi extinta em Portugal, foram realizados 500 processos contra brasileiros e aqui residentes. Dentre os réus estavam judaizantes-novos, bígamos, blasfemos, praticantes de bruxaria e de condutas sexuais contrárias aos cânones da Igreja Católica. Da Bahia, a Inquisição se estendeu para Pernambuco, Paraíba, Rio de Janeiro e Minas Gerais.
A leitura de “As Órfãs da Rainha” mostrará um pouco da abordagem do filme/série, que trata da chegada da Inquisição no Brasil no final do século XVI. Três irmãs judias, criadas na corte de Portugal como católicas sob a proteção da Rainha, são enviadas ao Brasil para casar e povoar a colônia. Através da trajetória das três órfãs fica evidente que o mais cruel da chegada da Inquisição foi minar as relações afetivas, familiares e comerciais existentes, então, no Brasil. Instalando a intolerância percebida até os dias atuais.
Leonor, Brites e Mécia são denunciadas por seus hábitos domésticos, impregnados de indícios da religião judaica permanecendo unidas diante de traições entre familiares, vizinhos e amigos. Mas o sentimento de fraternidade é colocado à prova diante da ameaça de punições severas. Com a descoberta da origem judaica, cada uma das irmãs reage de forma diferente, mas igualmente dramática. Segundo a diretora Elza Cataldo, a idéia de resgatar a história da Inquisição serve de alerta para as formas de discriminação do presente. Mais detalhes no site da itmix.art


Inquisição tropical: estudo derruba ideia de que perseguição foi pequena no Brasil

Guia  do Estudante-Aventuras na História

A história da inquisição no Brasil  Entre os séculos 16 e 18, a Inquisição investigou a Colônia. Prendeu mais de mil pessoas e mandou 29 para a fogueira. Seu maior alvo foram os cristãos-novos
"Arrependo-me e peço perdão porque pequei. "Pela primeira vez em dois anos de martírio, Guiomar Nunes disse o que os inquisidores queriam ouvir. A multidão reunida na praça do Comércio, em Lisboa, na tarde de 17 de junho de 1731, gritava contra os hereges, enfileirados diante de um palanque, onde se encontravam autoridades políticas e religiosas. Diante de 3 mil pessoas eufóricas, um a um, os sete réus foram chamados à contrição uma última vez. Acusada de judaísmo, a pernambucana entre eles resistiu muito antes de confessar. Enfrentara interrogatórios duríssimos na prisão. Suas palavras derradeiras, porém, não bastaram para o Tribunal do Santo Ofício. O inquisidor se ajoelhou no tablado montado para a ocasião e, enquanto os auxiliares retiravam-lhe a capa e o barrete, os condenados eram aspergidos com água benta. Em seguida, receberam suas sentenças. Aos 47 anos, Guiomar foi garroteada - estrangulada com uma espécie de torniquete -, e seu corpo, consumido no meio da praça por chamas de até 6 m de altura. Ao pedir perdão, conseguiu evitar que fosse queimada viva. Do outro lado do Atlântico, no Engenho de Santo André (na atual Paraíba), o vendedor de latas Luís Nunes de Fonseca acabara de se tornar viúvo, com oito filhos do casal para criar.


Guiomar morreu em Portugal porque o Brasil não torturou ou fez arder seus hereges em fogueiras. Mas ela foi delatada e presa em um processo iniciado por aqui. E não foi a única. Por mais de 200 anos, a Inquisição católica atuou nas terras da América portuguesa. Estimulou delações e criou um clima de terror nas principais cidades por meio dos temidos visitadores e de auxiliares locais, integrantes do clero. Prendeu e enviou para a Europa pessoas que dificilmente voltavam à terra natal. Quem não foi condenado ao degredo e perdeu todos os bens acabou, como se dizia na época, purificado pelo fogo. A exemplo de Guiomar e dos outros condenados queimados com ela, que nem sequer puderam ser enterrados, suas cinzas foram espalhadas ao vento.

Tese de doutorado revela que Santo Ofício criou ‘elite’ de delatores!




















Fotomontagem. Edital que ficava afixado nas igrejas para incitar denúncias contra os que eram considerados hereges se mistura às imagens do Brasil da época
Foto: Editoria de arte
Fotomontagem. Edital que ficava afixado nas igrejas para incitar denúncias contra os que eram considerados hereges se mistura às imagens do Brasil da época - Editoria de arte
Aldair Carlos Rodrigues.

Em sua premiada tese de doutorado na Universidade de São Paulo (USP), intitulada “Poder eclesiástico e Inquisição no século XVIII luso-brasileiro: agentes, carreiras e mecanismos de promoção social”, Rodrigues revela um lado menos conhecido da Inquisição: o dos brasileiros que queriam trabalhar para o Santo Ofício. E mostra que, diferentemente do que muitos livros didáticos ensinam, a Inquisição esteve, sim, muito presente no Brasil.
- A Inquisição foi muito importante para a formação da elite colonial no Brasil. Os novos ricos pressionavam para entrar na Inquisição, pois era uma forma de ascender socialmente - diz Rodrigues, cuja tese recebeu os prêmios Capes 2013 e Grande Prêmio Capes Tese Darcy Ribeiro, da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), do Ministério da Educação.

Atestado de “sangue puro"

Ter um cargo na Inquisição significava ter um dos atributos mais desejados na época: um atestado de que seu sangue era “puro”, ou seja, que a pessoa não pertencia a raças consideradas “infectas” pelo Santo Ofício, como judeus (inclusive os recém-convertidos), muçulmanos, negros e indígenas.
A perseguição da Inquisição na Península Ibérica a pessoas de outras religiões tem relação com a ocupação histórica da região. Em Portugal, a Inquisição foi estabelecida em 1536 e na Espanha no final do século XV, num contexto em que a Península Ibérica, durante boa parte da Idade Média, foi ocupada pela população islâmica, oriunda do Norte da África e do Oriente Médio. Também havia no local muitos judeus, devido à diáspora judaica.
No final da Idade Média, os Estados foram criados profundamente identificados com a fé cristã, expulsando a população islâmica. O judaísmo também passou a ser considerado um grande “problema” na Península Ibérica. Muitos judeus foram expulsos da Espanha e de Portugal. Outros foram convertidos à força ao catolicismo: eram os chamados “cristãos-novos”. Mas mesmo quem se convertia era considerado suspeito de praticar o judaísmo em segredo.
- A “limpeza de sangue” começa a ser uma questão de honra nessa sociedade, num contexto de ortodoxia (da fé católica) e da eliminação do islamismo e do judaísmo. Os Estatutos de Limpeza de Sangue, em todas as instituições, principalmente as que tinham maior prestígio, impediam a entrada de descendentes de judeus, muçulmanos e mulatos - conta Rodrigues.
Antes de permitir que civis integrassem seus quadros, o Santo Ofício fazia uma grande investigação sobre o passado do candidato ao cargo de “familiar”, que durava entre um e seis anos em sua maioria. Eram ouvidas testemunhas e analisados documentos até de gerações anteriores dos candidatos. Tanto rigor na apuração fazia com que a sociedade não ousasse questionar a “limpeza de sangue” dos quadros da Inquisição. Os próprios civis pagavam os processos, que eram caros.


- Através dos “familiares” é que a Inquisição se enraizou no Brasil. A sociedade da época aderiu à Inquisição - afirma Rodrigues.

Segundo o pesquisador, uma vez empossados no cargo de familiar, os “familiares” recebiam uma medalha para provar sua função, que eles usavam todos os dias (apesar de isso não ser o recomendado).
- Havia vários “familiares” corruptos. Alguns prendiam pessoas sem que a Inquisição tivesse ordenado ou usavam seus cargos para perseguir inimigos e suas famílias - revela.
Rodrigues conta ainda que os “familiares” recebiam um pequeno salário por dia de trabalho, de valor inexpressivo, mas além do status, tinham vários outros benefícios: ganhavam direito a foro privilegiado para crimes como agressões físicas e não pagamento de dívidas, podiam usar armas de defesa e de ataque e roupas especiais e eram isentos de alguns impostos.
Os “familiares” ajudavam os funcionários eclesiásticos do Santo Ofício - os chamados comissários, que chegavam a 198 no século XVIII no Brasil. Além de prenderem acusados de delitos pela Inquisição, eram os “familiares” que, quando algum civil se candidatava a um cargo no Santo Ofício, ouviam testemunhas e os próprios candidatos no
o processo.


Ação sob o controle de Portugal

A pesquisa de Rodrigues, que será publicada em forma de livro em fevereiro, mostra que, de Portugal, a Inquisição tinha total controle sobre os suspeitos de delitos e o trabalho de seus funcionários no Brasil: a troca de correspondência era intensa. Da Europa, o Santo Ofício sabia até sobre os comunicados que eram pendurados nas portas das igrejas brasileiras.


Segundo a professora Anita Waingort Novinsky, do Departamento de História da USP, nos 300 anos de atuação da Inquisição no Brasil a instituição prendeu mais de mil pessoas. Como não havia tribunal do Santo Ofício no país, elas eram levadas para serem julgadas em Portugal.


- A Inquisição matou e queimou 21 brasileiros. Alguns eram estrangulados e depois queimados. Nos casos mais severos, eles eram queimados vivos. De oito pessoas que foram condenadas mas não foram encontradas, o Santo Ofício fez bonecos de pano, que foram queimados - lembra Anita.


A professora conta que os condenados que não eram mortos perdiam os seus bens (tomados pela Inquisição e muitas vezes pelos próprios “familiares”) e tinham a família amaldiçoada.


Homens com dinheiro eram reduzidos à miséria e acabavam mendigando. Miguel Teles da Costa, que era capitão-mor de Paraty, Itanhaém e Ilha Grande, ou seja, era dono dessas terras, acabou mendigando - relata a historiadora.


Na opinião de Anita e Rodrigues, os livros didáticos brasileiros deveriam ser alterados, para eliminar a falsa ideia de que a Inquisição praticamente não esteve presente no Brasil.


- Como é que pode estar correta uma História do Brasil que omite um dos fenômenos mais fortes que existiu na vida econômica, politica e cultural do pais? A santa-inquisição-afirma Anita!



Ivonil  ferreira  de Carvalho























     
        



















Foto Extraída do Livro "Inquisition" do doutor Edward Peters. 
Tradução da descrição: ""L Mosheim História Michaelis Serveti (Helmstedt 1727). A execução de Miguel Servet se tornou o símbolo dos perigos de uma "Inquisição protestante "e foi usado por muitos adeptos de tolerância religiosa como um contraponto à Inquisição espanhola. Este frontispício da biografia de Mosheim  retrata Servet - provavelmente de forma imprecisa - bem como sua execução, em Genebra."

NOTA: Para quem diz que a “Inquisição protestante” não existiu, iremos fazer o favor de colocar aqui o relato de Philip Schaff, Historiador protestante e anticatólico (conhecido por sua celebre tradução dos padres da Igreja para o Inglês), sobre a inquisição protestante, dando como exemplo a condenação por Heresia de Servetus em seu julgamento em Genebra feito por Calvino (Traduziremos o caso completo em outro texto). O relato está presente em sua obra de vários volumes sobre a História da Igreja Cristã, disponível neste site Calvinista: <http://www.ccel.org/ccel/schaff/hcc8.iv.xvi.iv.html>.  Pouparemos-nos de quaisquer comentários, grifaremos as partes interessantes, e qualquer reclamação, tentem ressuscitar Philip Schaff para os ouvir.
Obs: Tratamos aqui como “inquisição”, a prática da punição de hereges com morte, tortura, prisão ou exilio.

 Os reformadores herdaram a doutrina da perseguição de sua Igreja mãe, e praticaram-na, assim que tinham o poder. Eles lutaram contra a intolerância com intolerância. Eles diferenciavam-se favoravelmente de seus adversários no grau e extensão, mas não no princípio, de intolerância. Eles quebraram a tirania do papado, e, assim, abriram o caminho para o desenvolvimento da liberdade religiosa; mas eles negaram aos outros a liberdade que eles mesmos exerciam. Os governos protestantes na Alemanha e na Suíça excluíram, dentro dos limites da sua jurisdição, os católicos romanos de todos os direitos religiosos e civis, e tomaram posse exclusiva de suas igrejas, conventos e outros bens. Eles baniram, prenderam, afogaram, decapitaram, penduraram, e queimaram anabatistas, antitrinitarianos, Schwenkfelders e outros dissidentes. Na Saxónia, Suécia, Noruega e Dinamarca, nenhuma religião e de culto público era permitida, apenas a Luterana. O Sínodo de Dort depôs e expatriou todos os ministros e professores arminianos. O código penal da rainha Elizabeth e os sucessivos atos de uniformidade que visavam o extermínio completo de toda a dissidência, papal ou protestante, e fez disso um crime se um inglês fosse outra coisa senão um episcopal. Os puritanos quando estavam no poder expulsaram dois mil ministros de seus direitos por não conformidade; e os episcopais pagaram de volta na mesma moeda, quando eles voltaram ao poder. Os reformadores”, diz Gibbon, com gravidade sarcástica, “eram ambiciosos de sucederem os tiranos que haviam destronado. Eles impuseram com igual rigor os seus credos e confissões; Afirmaram o direito do magistrado punir os heréticos com a morte. A natureza do tigre era a mesma, mas ele foi gradualmente privado de seus dentes e presas.”.
A perseguição protestante viola o princípio fundamental da Reforma. O Protestantismo não tem o direito de existir, exceto com base na liberdade de consciência.
Como, então, podemos explicar esta incoerência gritante? Há uma razão para tudo. A perseguição protestante foi necessária em auto-defesa e na luta pela existência. Os tempos não estavam maduros para a tolerância. As Igrejas jovens não poderiam ter ficado de pé. Essas Igrejas tinham primeiro que ser consolidadas e fortalecidas contra inimigos circundantes. Tolerância Universal naquele momento teria resultado em confusão universal e perturbado a ordem da sociedadeDa anarquia ao despotismo absoluto é apenas um passo. A divisão do protestantismo em dois campos rivais, o Luterano e Reformado, enfraqueceu-o; novas divisões dentro desses campos teriam arruinado-o e preparado um triunfo fácil para romanismo unido, que se tornaria mais despótico do que nunca. Isso não justifica o princípio, mas explica a prática, de intolerância.
Os reformadores e os príncipes protestantes e magistrados concordavam essencialmente com essa atitude intolerante, tanto para os romanistas quanto para protestantes heréticos, pelo menos na medida de prisão, deposição e expatriação. Eles diferiam apenas quanto ao grau de gravidade.Todos acreditavam que o papado era anti-cristão e a missa idolatria; que a heresia é um pecado contra Deus e a sociedade; que a negação da Trindade e da divindade de Cristo era a maior das heresias, que merece a morte de acordo com as leis do império, e castigo eterno de acordo com o Credo de Atanásio (com suas três cláusulas condenatórias); e que o governo civil é tanto obrigado a proteger a primeira quanto a segunda tábua do Decálogo, e para vindicar a honra de Deus contra a blasfêmia. Eles estavam ansiosos para mostrar seu zelo pela ortodoxia com gravidade contra a heresia. Eles não tinham nenhuma dúvida de que eles próprios eram ortodoxos de acordo com o único verdadeiro padrão de ortodoxia, a Palavra de Deus nas Sagradas Escrituras. E no que diz respeito aos dogmas da Trindade e Encarnação, estavam totalmente de acordo com os seus adversários católicos, e igualmente contrários aos erros de Servet, que negava esses dogmas com uma coragem e desprezo desconhecido antes.
Vamos conhecer os sentimentos dos principais reformadores, com especial referência ao caso de Servet. Eles fazem uma justificação completa a Calvino na medida em que tal justificação é possível.

Lutero
Lutero, o herói de Worms, o campeão dos direitos sagrados de consciência, era, nas palavras, o mais violento, mas, na prática, o menos intolerante, entre os reformadores. Ele era mais próximo ao romanismo na condenação de heresia, mas mais próximo ao gênio do protestantismo na defesa da liberdade religiosa. Ele estava profundamente enraizado na piedade medieval, e ainda um profeta poderoso dos tempos modernos. Em seus primeiros anos, até 1529, ele deu expressão a alguns dos sentimentos mais nobres em favor da liberdade religiosa. “A crença é uma coisa livre”, disse ele, “que não pode ser aplicada.” “Se hereges devem ser punidos com a morte, o carrasco seria o teólogo mais ortodoxo.” “A heresia é uma coisa espiritual que nenhum ferro pode derrubar, nem queima no fogo, nem afoga na água.” Queimar os hereges é contrário à vontade do Espírito Santo “Falsos professores não devem ser condenados à morte;.. é o suficiente bani-los.”.
Mas, com o avanço dos anos ele se tornou menos liberal e mais intolerante contra os católicos, hereges e judeus. Ele exortou os magistrados a proibirem toda pregação de anabatistas, a quem ele denunciou, sem discriminação, como falsos profetas e mensageiros do diabo, e ele pedia a sua expulsão Ele não levantou qualquer protesto quando a Assembleia de Speier, em 1529, deu um decreto cruel para que os anabatistas fossem executados a ferro e fogo, sem distinção de sexo, e mesmo sem audiência prévia antes de juízes espirituais. O Eleitor da Saxônia considerou seu dever executar este decreto, e colocar um número de anabatistas a morte em seus domínios. Seu vizinho, Filipe de Hesse, que tinha instintos mais liberais do que os príncipes contemporâneos da Alemanha, não concordava em usar a espada contra as diferenças de crenças. Mas os teólogos de Wittenberg, ao serem consultados pelo Eleitor John Frederick por volta de 1540 ou 1541, deram o seu julgamento a favor de sentenciar os anabatistas a morte, de acordo com as leis do império. Lutero aprovou o presente acórdão em seu próprio nome, acrescentando que era cruel puni-los pela espada, mas mais cruel seria eles condenarem o ministério da Palavra e suprimir a verdadeira doutrina, e tentarem destruir os reinos do mundo.
Se colocarmos uma construção rigorosa sobre esta frase, Lutero devem ser contado entre os defensores da pena de morte por heresia. Mas ele fazia uma distinção entre duas classes de anabatistas, os que eram sediciosos ou revolucionários, e aqueles que eram meros fanáticos. A primeira classe deve ser condenada à morte, a segundo deve ser banida. Em uma carta a Filipe de Hesse, datada de 20 de novembro de 1538, ele pediu-lhe com urgência a expulsão de seu território os anabatistas, que ele caracteriza como filhos do diabo, mas não diz nada de usar a Espada. Devemos dar-lhe, portanto, o benefício de uma construção liberal.
Ao mesmo tempo, a distinção nem sempre foi rigorosamente observada, e os fanáticos foram facilmente transformados em criminosos, especialmente após os excessos de Münster, em 1535, que foram muito exagerados e causaram o pretexto para punir homens e mulheres inocentes. Toda a história do movimento anabatista no século XVI, tem que ser reescrito e desembaraçado do odium theologicum.
No que diz respeito a Servetus, Lutero conhecia apenas o seu primeiro trabalho contra a Trindade, e declarou que, em sua conversa de mesa (1532), um “livro muito mau”. Felizmente para a sua fama, ele não viveu para pronunciar uma sentença em favor de sua execução, e devemos dar-lhe o benefício de silêncio.
Suas opiniões sobre o tratamento dos judeus mudou para pior. Em 1523 ele protestou vigorosamente contra a cruel perseguição dos judeus, mas em 1543 ele aconselhou a sua expulsão das terras cristãs e a queima de seus livros, sinagogas e casas particulares nas quais blasfemavam contra o nosso Salvador e a Santa Virgem. Ele repetiu este conselho em seu último sermão, pregado em Eisleben alguns dias antes de sua morte.
 Melanchthon
O registro de Melanchthon sobre este assunto doloroso é, infelizmente, pior do que Lutero. Isto é mais significativo, porque ele era o mais suave e mais gentil entre os reformadores. Mas devemos lembrar que suas declarações sobre o assunto são de uma data posterior, vários anos após a morte de Lutero. Ele pensou que a lei mosaica contra a idolatria e blasfêmia era tanto vinculativa nos estados cristãos quanto o Decálogo, e era aplicável às heresias também. Ele, portanto, plenamente e repetidamente justificou a posição de Calvino e do Conselho de Genebra, e até mesmo os ergueu como modelos de imitação! Em uma carta a Calvino, datada de 14 de outubro de 1554, quase um ano após a queima de Servetus, ele escreveu:
Reverendo e querido irmão: eu li seu livro, em que você refutou claramente as blasfêmias horríveis de Servetus; e dou graças ao Filho de Deus, que foi o brabeuthv" [o guarda de sua coroa da vitória] neste seu combate. Pois a você também a Igreja deve gratidão, no momento presente, e devemos isso a posteridade. Eu concordo perfeitamente com a sua opinião. Eu também afirmo que seus magistrados fizeram certo em punir, depois de um julgamento regular, este homem blasfemo.
 Um ano depois, Melanchthon escreveu para Bullinger, 20 de agosto de 1555:
 Reverendo e querido irmão: Eu li a sua resposta para as blasfêmias de Servetus, e eu aprovo sua piedade e opiniões Eu também julgo que o Senado Genovese fez perfeitamente bem, em pôr fim a este homem obstinado, que nunca poderia deixar de blasfemar. E eu me questionam sobre aqueles que desaprovam essa severidade.
Três anos mais tarde, 10 de abril, 1557, Melanchthon incidentalmente (na advertência no caso de Theobald Thamer, que havia retornado à Igreja Romana) advertiu novamente para a execução de Servetus, e chamou-lhe, de um exemplo piedoso e memorável para toda a posteridade. É um exemplo, de fato, mas certamente não para imitação.
Esta aprovação sem reservas da pena de morte por heresia e a conivência da bigamia de Filipe de Hesse são as duas manchas escuras no nome justo deste grande e bom homem. Mas eles eram erros de julgamento. Calvino teve grande conforto do apoio da cabeça teológica da Igreja Luterana.
 Martin Bucer
Bucer, que está em terceiro lugar no ranking entre os reformadores da Alemanha, tinha um temperamento gentil e conciliador, e absteve-se de perseguir os anabatistas em Strassburg. Ele conhecia Servetus pessoalmente, e tratou-o em primeiro lugar com bondade, mas após a publicação do seu trabalho sobre a Trindade, foi refutado em suas palestras como um “livro mais pestilento”. Ele ainda declarou no púlpito ou sala de leitura que Servetus merecia ser estripado e rasgado para pedaços. A partir disso, pode-se inferir quão completamente ele teria aprovado sua execução, se tivesse vivido até 1553.


 § 139. Protestant Intolerance. Judgments of the Reformers on Servetus. 


Suprema Corte dos EUA vai decidir se governo pode favorecer religiões

























Organizações pró-religião se animaram a pedir à Suprema Corte dos EUA, agora com uma sólida maioria conservadora, a reversão de algumas jurisprudências a favor do Estado laico (ou secular). E a decisão de que um governo possa legalmente tomar medidas que promovam ou endossem uma religião específica. A outra parte argumenta, entre outras coisas, que isso tornaria os não fiéis da religião favorecida em cidadãos de segunda classe.
A Suprema Corte vai entrar nessa discussão em fevereiro, quando começará a julgar o caso American Legion versus American Humanist Association, em que a questão é se um órgão do governo do estado de Maryland pode se encarregar da manutenção de uma cruz histórica, de 90 anos, de 12,2 metros de altura, na cidade de Bladensburg.
Se a decisão for favorável à cruz estatal, irá ruir o “muro de separação entre a igreja e o Estado”, preconizado por Thomas Jefferson, o terceiro presidente dos Estados Unidos e principal autor da Declaração da Independência. Dessa frase de Thomas Jefferson nasceu a ideia de “separação igreja-Estado” nos EUA.
Estão em jogo nesse processo duas cláusulas da Primeira Emenda da Constituição, no que ela se refere à religião: a Cláusula do Estabelecimento (Establishment Clause) e a Cláusula do Livre Exercício (Free Exercise Clause), segundo o site United States Courts.
A Cláusula do Estabelecimento proíbe o governo de estabelecer uma igreja como a entidade religiosa nacional. Historicamente, a cláusula proibiu a existência de igrejas patrocinadas pelo estado, tal como a Igreja da Inglaterra (ou Igreja Anglicana).
Modernamente, o entendimento é que o governo pode dar assistência a uma religião apenas se: 1) o propósito primário da assistência é secular; 2) a assistência não promover ou inibir qualquer religião; e 3) não houver envolvimento excessivo entre a igreja e o Estado.
A Cláusula do Livre Exercício, por sua vez, protege o direito do cidadão de praticar sua religião como lhe convier, desde que a prática não entre em conflito com a “moral pública” ou de um interesse irrefutável do governo. Por exemplo, a Suprema Corte decidiu em 1944 que o governo pode forçar a vacinação de crianças, se os pais não a permitem por motivos religiosos — o interesse do Estado de proteger a saúde e a segurança pública é maior.
A American Legion, apoiada pelas também conservadoras organizações First Liberty InstituteLiberty CounselThe Becket Fund for Religious Liberty e American Association of Christian Schools, querem que a Suprema Corte esclareça que “coação” (para se seguir uma religião), “não endosso” (a uma religião) é o padrão apropriado para se julgar casos relacionados à Cláusula do Estabelecimento. E que deixe claro que é necessário que haja uma “atividade coercitiva do Estado” para se determinar violação da Primeira Emenda.
As organizações conservadoras argumentam que é preciso haver “coerção por lei”, para “coagir a crença, a observância ou o suporte financeiro a uma religião” pelo governo, para justificar a violação. E alegam que é perfeitamente legal para o governo promover ou endossar uma religião, mesmo que isso resulte em “sentimentos de ofensa e de exclusão”, uma vez que o governo pode promover livremente outras mensagens não religiosas.
Para atender essas pretensões, a Suprema Corte terá de reverter sua própria jurisprudência. Em 1984, em voto escrito pela ex-ministra Sandar Day O’Connor, a corte decidiu que a Cláusula de Estabelecimento proíbe ação do governo que tenha “o efeito de comunicar uma mensagem de endosso ou desaprovação de uma religião pelo governo, porque tal ação envia uma clara “mensagem às pessoas que não professam a religião de que são excluídas, não membros integrais da comunidade política”. Por aí se entende a ideia de cidadãos de segunda classe.
Em 1992, em voto escrito pelo ex-ministro David Souter, a corte explicou que a história da Primeira Emenda mostra que os autores da Constituição estenderam a proibição para incluir ação do governo que endosse ou promova alguma religião, não apenas coerção. De outra forma, a Cláusula do Estabelecimento seria uma duplicação da Cláusula do Livre Exercício, que claramente proíbe ação do governo que coage crença ou prática religiosa.
Em uma decisão de 1947, a Suprema Corte argumentou que “o governo não pode estabelecer como premissa a crença de que todos somos iguais, quando defende a ideia de que Deus prefere alguns”.
O advogado Elliot Mincberg, da organização People for the American Way, escreveu em um artigo para o site The Hill que, se a Suprema Corte adotar o padrão da “coerção”, isso não vai afetar apenas a manutenção da cruz de Maryland. “A decisão vai justificar a construção de cruzes em escolas públicas, nas proximidades de tribunais e de casas legislativas. Orações antes das aulas, por um professor protestante, seriam permitidas, desde que estudantes de outras religiões ou de nenhuma religião ficassem no corredor, se tivessem alguma objeção.”
Em algumas comunidades, a religião oficial poderia ser católica, evangélica, muçulmana ou judia, dependendo de suas lideranças. A Casa Branca poderá fixar uma placa dizendo que os Estados Unidos é uma nação cristã, enquanto governos de alguns estados poderiam proclamar que são seculares, não religiosos. “Se o governo não assumir uma posição realmente neutra, os conflitos religiosos no país tendem a crescer”, disse.
A defesa do Estado laico é forte nos EUA. Mas, estranhamente, não houve protestos notáveis quando o presidente Trump decidiu mudar a embaixada dos EUA de Tel Aviv, capital de Israel, para Jerusalém, a cidade que judeus e palestinos querem como capital. Embora isso pareça ser apenas uma medida de política exterior, Trump tomou essa decisão para agradar sua base evangélica — os “cidadãos de segunda classe” não opinaram.

Ivonil Ferreira  d e Carvalho.